Heloisa Moura
A noite chegou devagar, com o céu tingido de um azul profundo e salpicado de estrelas. A estufa estava silenciosa agora, só o farfalhar das folhas e o som distante dos grilos preenchiam o espaço entre nós. Vittorio e eu estávamos sentados no chão, encostados à parede de vidro, uma taça de vinho entre as mãos, os pés descalços tocando o chão frio de pedra.
Por um instante, o silêncio se tornou espesso. Aquele tipo de silêncio que não incomoda, mas que carrega peso. O peso doce e agridoce das ausências.
— Você também sente, não sente? — perguntei, virando o rosto para ele.
Vittorio demorou um segundo para responder. Seus olhos estavam fixos em algum ponto do jardim noturno, mas quando se voltaram para mim, estavam cheios daquela saudade mansa que só os pais conhecem.
— Todo dia. — Ele suspirou, com um sorriso meio torto. — A casa ficou maior sem ele, mesmo com todos os planos, mesmo com toda a beleza... falta o riso dele ecoando pelos corredores.
Encostei a cabeça em seu o