Aurora Rossi
Fiquei ali parada, diante da porta fechada, como se ela ainda respirasse a presença dele. Lorenzo. A voz dele ainda vibrava em mim, entre os cantos do meu peito e as rachaduras que ele ajudou a abrir — e talvez, agora, tentasse costurar. Mas ainda era cedo. Tão cedo que doía. Eu precisava respirar, pensar, pintar… ou apenas não desabar.
Dei dois passos para trás, me encostando na parede do corredor, o olhar preso à madeira da porta como se pudesse enxergar através dela. As palavras dele ecoavam na minha cabeça. Ele não pediu nada. Não exigiu. Não tentou consertar com promessas vazias. E isso, de alguma forma, me desarmou mais do que qualquer súplica.
“Se um dia você me deixar tentar de novo, eu quero estar pronto.”
Fechei os olhos. O silêncio da casa agora parecia ainda mais espesso, quase uma presença. Fiquei ali por mais tempo do que pretendia, até que um som me arrancou dos pensamentos.
Três batidas secas na porta.
Meu coração disparou.
Ele voltou.
Corr