Mariana, com apenas 22 anos, vive para sua filha, Isabela, de 6 meses. Como mãe solteira, ela enfrenta os desafios da maternidade desde que foi abandonada grávida pelo homem que a enganou, fingindo ser solteiro. Quando descobriu que Mariana estava esperando um filho, ele a expulsou de sua vida, preferindo manter seu casamento com outra mulher. A vida de Mariana muda ao ser diagnosticada com uma grave doença e conhecer o Dr. Henrique, um médico viúvo que se torna um grande apoio para ela e para Isabela. Mas o maior golpe ainda está por vir: o pai de Isabela reaparece com sua esposa e entra com um processo para obter a guarda da bebê, alegando que ele e a esposa têm mais condições de criar a criança, já que ela não pode ter filhos. Desesperada com a possibilidade de perder sua filha, Mariana conversa com Henrique, que faz uma proposta inesperada: eles poderiam se casar para que ela tenha mais chances de manter a guarda de Isabela. O casamento, inicialmente por conveniência, une ainda mais Mariana e Henrique enquanto enfrentam o processo judicial e o retorno doloroso do passado de Mariana. À medida que a convivência cresce, o amor inesperado entre eles floresce, transformando o que começou como uma luta pela guarda de Isabela em uma história de redenção, coragem e recomeço.
Leer másMariana
Eu sempre soube que minha vida não seria fácil, mas ser mãe solteira aos 22 anos me trouxe uma realidade que eu nunca imaginei. Minha filha, Isabela, nasceu há quatro meses e trouxe uma alegria imensa para o meu coração, mas também trouxe muitas dificuldades. Eu sabia que ser mãe jovem, sem um parceiro ao meu lado, não seria fácil, mas a felicidade que Isabela me dava fazia tudo valer a pena. Eu me levantava todos os dias com um sorriso no rosto, por ela. Ela era a razão da minha existência agora, a razão pela qual eu lutava todos os dias. Naquela manhã, no entanto, algo estava diferente. Eu estava cansada, exausta, e o corpo não parecia responder como antes. Eu sentia uma dor estranha, uma pressão no peito que me fazia parar de vez em quando, como se estivesse tendo dificuldades para respirar. Mas, claro, como mãe, eu apenas empurrei para o fundo da minha mente e continuei com minha rotina. Isabela não iria esperar, ela precisava de mim. Mas o cansaço não passava. A dor no peito piorava e a sensação de mal-estar se espalhava pelo meu corpo. Eu sabia que algo não estava certo. Por mais que tentasse ignorar, algo dentro de mim gritava para que eu fosse ao médico. Eu peguei Isabela no colo e pedi a uma amiga para ficar com ela enquanto eu ia até o hospital. Eu não queria alarmar ninguém, mas no fundo eu sabia que precisava de ajuda. Cheguei ao hospital, e a sala de espera estava lotada. A cada segundo que passava, o medo só aumentava. Será que eu estava imaginando tudo? Será que estava apenas cansada demais? Eu não sabia, mas sentia que algo estava errado. Meu coração batia forte, e a ansiedade tomava conta de mim. Quando finalmente fui chamada, fui direcionada para uma sala de exame onde o médico me aguardava. Ele era alto, de olhos claros, com uma expressão séria e uma postura calma que, de algum modo, me fez me sentir um pouco mais tranquila. Ele me pediu para me sentar, e comecei a falar sobre os sintomas, a dor no peito e a falta de ar. — Mariana, preciso fazer alguns exames para poder entender o que está acontecendo com você. Vamos começar por um exame de imagem. Você está se sentindo muito mal? — ele perguntou com um tom suave, mas firme. Fiz o que ele pediu e, minutos depois, fui chamada para a sala de resultados. O médico estava à minha espera. Ele olhou para os exames e, com um suspiro profundo, me pediu para sentar novamente. A sala parecia ficar mais fria, e eu, que estava tentando manter a calma, percebi que o ar havia se tornado denso. Ele olhou para mim, com a expressão séria, e antes que eu pudesse perguntar algo, ele falou: — Mariana, os exames mostraram algo muito grave. Eu sinto muito, mas o seu quadro parece ser de um câncer terminal. É um estágio muito avançado. Eu fiquei parada, sem reação. As palavras não faziam sentido. Eu olhei para ele, sem entender. — Como assim? Não pode ser... — minha voz tremia. — Como você pode ter certeza disso? Como pode me dar um diagnóstico tão definitivo assim? Eu estava em choque. Não conseguia entender. Meu cérebro não processava as palavras dele. — Eu entendo que seja difícil de acreditar, mas os resultados são claros, Mariana. Eu sei que isso é muito difícil para você, principalmente porque você é muito nova. Eu realmente sinto muito. Ele parecia genuíno, mas as palavras dele cortaram como uma faca. A dor no peito que eu sentia agora era uma dor diferente, era uma dor que não vinha de dentro do meu corpo, mas de dentro da minha alma. Eu sentia que o mundo tinha desmoronado ao meu redor. Eu respirei fundo, tentando engolir a dor, tentando entender o que estava acontecendo. — Mas... minha filha... Isabela... como eu vou deixar minha filha? Ela precisa de mim. Ela tem apenas quatro meses... Como eu vou lidar com isso? Eu estava chorando agora, a sensação de desespero tomando conta de mim. Eu havia criado minha filha sozinha, com tanto amor, com tantas dificuldades. Ela era a razão pela qual eu acordava todos os dias, a razão pela qual eu estava disposta a lutar. Como poderia deixar ela para trás? O médico me olhou com compaixão, mas o que ele disse depois foi um choque ainda maior. — Mariana, entendo o quanto isso é difícil, mas é importante que você comece a pensar no que está por vir. O tratamento é limitado, e sua condição está em um estágio muito avançado. Eu recomendaria que você começasse a se preparar para o pior. Essas palavras me cortaram ainda mais. O pior? O que ele estava dizendo? Eu não sabia como reagir. Como poderia aceitar isso? Como poderia aceitar a ideia de que eu estava com os dias contados? Eu tinha tanto para viver, tanto para dar à minha filha. Como ele podia simplesmente dizer isso? Eu saí da sala sem dizer mais nada. Meu corpo parecia ter sido drenado de todas as forças, e eu caminhava sem rumo pelos corredores do hospital. Eu sentia que não havia mais chão sob meus pés, e a única coisa que importava era minha filha. Eu precisava ser forte por ela, mas naquele momento, tudo o que eu queria fazer era desaparecer. Quando cheguei em casa, a primeira coisa que fiz foi pegar Isabela no colo. Ela estava dormindo tranquilamente, sem saber o que estava acontecendo no mundo dos adultos. Olhei para ela, e a dor se multiplicou. Eu não queria deixá-la. Eu não queria perder isso. Eu não queria perder o sorriso dela, as suas risadinhas, a sua mãozinha minúscula segurando o meu dedo. E enquanto ela dormia pacificamente, eu chorava em silêncio, com o peso do diagnóstico me esmagando. Eu não sabia como seguir em frente. Não sabia como viver sabendo que o tempo estava se esgotando. Eu olhei para ela e fiz uma promessa silenciosa: eu faria de tudo para estar ao lado dela, ao menos mais um pouco. Eu lutaria até o fim, mesmo que as chances fossem mínimas. Eu não podia deixá-la sozinha, não podia. Ela era tudo o que eu tinha.KarinaDesde aquela noite em que o Daniel foi me buscar em casa com um buquê enorme de girassóis nas mãos e aquele sorriso tímido, alguma coisa em mim simplesmente... virou do avesso. Eu não era de me apegar fácil. Tinha minhas dores, minhas feridas, minhas reservas. Mas bastou aquele jantar, aquela conversa leve, aquele olhar que parecia me enxergar por inteiro — e pronto. A gente se colou. Literalmente. Ele dormiu na minha casa naquela noite e, desde então, nunca mais dormimos separados. Nem por escolha, nem por vontade. A verdade é que, quando ele vai embora, parece que uma parte de mim vai junto.E olha que ele ainda nem me pediu oficialmente em namoro. Mas sinceramente? Nem precisa. Porque tudo o que ele tem feito por mim já ultrapassa qualquer título que alguém possa me dar. Daniel me trata com uma delicadeza que eu não sabia que existia. Me olha como se eu fosse rara. Me toca como se eu fosse feita de vidro e aço ao mesmo tempo. Ele respeita meus s
MarianaMais tarde, o chalé estava em silêncio. A brisa entrava pela janela entreaberta, e a única luz vinha do abajur, pintando o quarto com um tom quente e suave. Eu estava deitada com a cabeça no peito do Henrique, sentindo o coração dele bater num compasso calmo, mas firme. Seus dedos brincavam com meu cabelo, e só aquilo já era capaz de me deixar inteira arrepiada.— Você tá confortável? — ele perguntou, com a voz baixa, rouca, colada ao meu ouvido.— Tô... mas queria você mais perto — murmurei, sem conseguir esconder o desejo que fervia em mim desde o jantar.Ele virou o rosto devagar e me encarou. O olhar dele tinha aquele brilho perigoso, aquele que sempre me deixava desarmada. Em silêncio, ele tocou meu rosto com as duas mãos, como se estivesse me decifrando por inteiro, e então me beijou. Foi um beijo lento, profundo, cheio de intenção. O tipo de beijo que faz a gente esquecer do mundo, esquecer até de respirar.Senti a mão
MarianaDois dias depois da sentença da Clara, a vida começou, aos poucos, a retomar um ritmo que eu nem sabia mais que existia. Ainda havia traços da batalha judicial nos nossos dias, resquícios do medo, da pressão, da necessidade constante de proteger a Isabela. Mas agora, com Clara condenada e Leonardo fora do caminho, era como se finalmente estivéssemos livres para respirar.Henrique veio falar comigo logo após o jantar, com aquele sorriso de quem já planejava algo.— Eu estava pensando... a gente precisa viajar.— Viajar? — arqueei a sobrancelha, meio em choque. — Amor, eu estou grávida, a Isabela pequena...— E justamente por isso. É por isso que a gente precisa sair um pouco disso tudo. Respirar, mudar de ares. Você está indo tão bem no tratamento, a Isabela está segura. A gente merece.Eu suspirei, o coração apertando um pouco de ansiedade. Mas a ideia começou a me aquecer por dentro.— Pra onde você estava
Narrado por LeonardoSentei na poltrona do escritório com o corpo tenso, os dedos batucando no braço da cadeira como se isso fosse aliviar a pressão no meu peito. O tique nervoso era tudo que me restava. Um jeito idiota e involuntário de tentar conter o caos dentro de mim.Clara tinha sido sentenciada.E não era uma sentença leve. Foram vinte e cinco anos, sem chance de condicional antes dos dezoito. Como se ela fosse um monstro. Como se ela tivesse pegado uma faca e atacado uma criança, como se fosse uma psicopata. Não. Ela só queria ver a Isabela. Só isso.Mas não. Eles decidiram que minha mulher tinha que apodrecer atrás das grades. E eu... eu não podia aceitar isso.Diante de mim, o novo advogado — Dr. Otávio Bernardes — analisava os papéis com a mesma calma que se espera de quem tá decidindo se vai tomar chá ou café. A frieza dele me irritava. Era como se a vida da minha mulher fosse só mais uma pilha no canto da mesa dele.
Clara O tribunal estava lotado. O som do murmúrio ecoava pelas paredes cobertas de madeira escura, e o ar parecia mais pesado a cada segundo. Eu estava algemada, sentada na cadeira dos réus, com dois policiais ao meu lado. Minhas mãos tremiam, mas não era medo. Era raiva. Raiva por tudo ter chegado a esse ponto. Raiva por estar ali, humilhada, julgada, enquanto aquela mulher se fazia de vítima. O juiz entrou na sala e todos se levantaram. Quando ele mandou sentar, meu coração deu um salto. Aquilo era real. A minha vida estava prestes a ser definida por palavras de um estranho. — Senhora Clara Monteiro — disse o juiz, com a voz grave —, a senhora está sendo julgada por quebra de medida protetiva, tentativa de sequestro de menor, aliciamento de criminosos e tentativa de colocar em risco a vida de uma criança. Minha advogada tentou argumentar. Alegou que eu estava sob estresse emocional, que fui manipulada, que
Narrado por MarianaDois meses. Dois meses desde o sequestro frustrado. Dois meses desde que Clara foi finalmente presa. E ainda assim, ao colocar os pés naquela sala de audiência, com o juiz sentado à frente, a promotoria à esquerda e Leonardo à direita, tudo pareceu novo. Intenso. Como se eu estivesse sendo julgada junto com ele.A madeira escura das paredes abafava o som, mas eu ainda ouvia. O estalo seco dos dedos dos advogados. O folhear tenso de processos. O sussurro das cadeiras rangendo quando alguém mudava de posição. Tudo contribuía pra um clima pesado. Intenso.Segurei a mão do Henrique com força. Ele, sempre calmo, olhou pra mim e sorriu daquele jeito que só ele sabia sorrir. Era um sorriso que dizia “Eu tô aqui”, sem precisar de nenhuma palavra.Do outro lado da sala, Leonardo parecia um homem derrotado. Cabelos desalinhados, olheiras profundas, a camisa amarrotada como se nem tivesse dormido. Marcelo, o advogado dele, parecia ma
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