Parte 115...
Valentina
Quando finalmente a porta se fechou atrás de nós, o silêncio pareceu outro tipo de alívio.
Tirei os brincos antes mesmo de me virar. Meus ombros doíam, o vestido pesava. Lá embaixo, o som da festa ainda ecoava distante. As risadas, taças se chocando, a voz de meu pai, alta demais. Eu respirei fundo, fechando os olhos.
— Achei que essa noite não fosse acabar - murmurei, largando os brincos sobre a penteadeira.
Matteo tirava o paletó em silêncio. O gesto calmo, preciso. Dobrou o tecido com cuidado e o deixou na poltrona. Quando ergueu o olhar, nossos olhos se encontraram pelo espelho.
— Conseguiu fingir bem - disse ele, a voz baixa. — Ninguém percebeu que você estava prestes a desabar.
— Eu já me acostumei a fingir - respondi, virando de frente. — E você também. – suspirei e passei a mão pelo cabelo — Você veio mais rápido do que pensei.
— Não tem mais nada lá embaixo que me interesse.
Ele se aproximou devagar. O som dos passos dele sobre o tapete era o único ruíd