Parte 118...
Mira
A porta do escritório estava encostada, e ninguém me viu parar no corredor. Eu só queria saber se Matteo ainda estava lá dentro, mas a conversa me fez ficar.
— Dois dias, no máximo - ouvi Tizziano dizer. — Se o carregamento chegar no porto como previsto, fechamos o contrato e voltamos.
Meu tio respondeu, calmo:
— E vocês dois vão juntos. Preciso dos dois lá. O cara confia mais quando vê a família presente.
Matteo estava de costas pra porta, a voz firme como sempre.
— Amanhã cedo, então. Deixo tudo resolvido aqui antes de ir. Não dá pra ir hoje.
Dois dias. Aquilo acendeu algo dentro de mim.
— E Valentina? - perguntou Tizziano. — Vai com você?
— Não. De forma alguma - Matteo respondeu rápido demais. — Ela fica. É mais seguro assim.
Mais seguro. Ri sozinha, sem fazer barulho.
Desde quando ele achava que alguém ia querer fazer mal à queridinha dele?
Ouvi o barulho de cadeiras sendo empurradas.
Devia sair dali, mas fiquei.
— A gente precisa sair antes do nascer do sol - d