Parte 125...
Valentina
As cordas ardiam em volta dos meus pulsos. Eu tentava manter a respiração controlada, mas o medo e a raiva me tomavam como fogo. Não acredito que ele foi capaz de fazer isso comigo.
O apartamento estava em silêncio. Só o barulho do relógio e o vento batendo na janela. Carlo estava no outro cômodo, falando ao telefone. A voz dele subia e descia, impaciente. Meio perdido, mas deu pra ouvir uma coisa ou outra. Ele planejava algo e eu não gostei de ouvir meu nome no meio.
Aproveitei o momento. Forcei as amarras com força até sentir que o nó cedeu um pouco. Girei o braço, torcendo o punho, ignorando a dor. Uma, duas, três tentativas e a corda afrouxou.
Meu coração batia rápido. Foi bom ter tido esse tipo de brincadeira com Silas no colégio, durante as aulas de educação física, porque pelo menos posso me soltar.
Soltei o outro braço e fiquei parada, ouvindo. O som do telefone cessou. Passos. Ele se movia. Corri para a janela. Estava trancada, mas o trinco era frágil.