Capítulo 5: Seu novo trabalho

Corin sentou-se na poltrona vermelha atrás da mesa de madeira escura, cruzando as pernas com um estalo seco dos saltos altos. Ela examinou Melia com os olhos semicerrados, como quem analisava o valor de uma peça rara numa vitrine de luxo. Seu olhar desceu do rosto da jovem até suas coxas, demorando-se ali antes de voltar aos olhos assustados da garota.

— Você tem um corpo perfeito pra isso, querida. Os clientes vão enlouquecer por você.

Melia apertou os dedos nas laterais do vestido, sentindo as pernas tremerem. O coração martelava alto no peito, mas ela engoliu o nervosismo com força. Tinha que conseguir esse emprego.

— Eu… eu preciso do trabalho — murmurou, evitando encará-la diretamente. — Mas eu não vou fazer programa, quero apenas dançar.

A expressão de Corin se fechou no mesmo instante. O maxilar ficou rígido, e as sobrancelhas se arquearam com irritação.

— Dançar, é? — Ela se inclinou para frente, os cotovelos apoiados na mesa. — E por que, exatamente, você não quer fazer programa, querida? Vai ganhar muito mais dinheiro se fizer.

Melia respirou fundo, sentia o rosto queimar, mas não podia voltar atrás. Não podia vender aquilo, nunca. Mordeu o lábio inferior e levantou os olhos.

— Porque… eu nunca estive com um homem — respondeu com firmeza. — E quero me guardar pro meu companheiro destinado. Então não… não posso.

O silêncio caiu na sala como uma cortina pesada. Os olhos de Corin se arregalaram por um breve segundo, antes de se estreitarem, reluzindo como os de uma comerciante que acabava de encontrar uma joia rara.

E encontrou mesmo, afinal, uma renegada que vivia com a fantasia de encontrar seu companheiro, que nunca se envolveu com homem algum… Aquilo era raridade vindo de Noctgard.

— É mesmo? — sussurrou, inclinando a cabeça para o lado, a voz agora era mais doce, quase maternal. — Isso é… bonito, muito bonito. Hoje em dia, é difícil encontrar uma garota com esse tipo de pensamento, sabe?

Melia não respondeu, apenas manteve os olhos firmes e o corpo ereto, mesmo que tudo dentro dela gritasse para correr.

— Tudo bem — disse Corin, sorrindo. — Você pode apenas dançar, sim. Vai começar hoje mesmo, querida. Temos lobos importantes vindo hoje à noite, e acho que eles merecem um show… especial. E você é perfeita pra isso.

Ela se levantou com elegância exagerada, caminhando até um armário espelhado no canto da sala. Abriu as portas com um floreio e revelou uma coleção deslumbrante de máscaras penduradas em ganchos dourados. Cada uma tinha um design único, com brilhos, pedrarias e formatos diferentes.

— Todas as meninas usam máscaras — explicou, tirando uma com o formato de orelhas de coelho, cravejadas por pedras claras, totalmente branca. — Preservar a identidade é essencial. Aqui, cada uma tem um nome artístico, ajuda a manter as coisas… no controle.

Melia se aproximou com passos hesitantes. Corin ergueu a máscara que cobria do nariz para cima, feita de couro preto com detalhes em renda e pedrarias ao redor das orelhas alongadas.

— Essa é perfeita pra você. Vai ser a Bunny.

Melia assentiu, apenas murmurando um:

— Tá bem…

— Ótimo. Agora vá pro camarim, escolha uma lingerie bonita e se prepare. Você vai ser a estrela da noite, coelhinha.

***

O camarim era amplo e cheio de espelhos iluminados, onde outras lobas se ajeitavam com maquiagem pesada e lingeries minúsculas. O cheiro de perfume e laquê pairava no ar. Melia entrou sem jeito, com a máscara nas mãos e o coração acelerado.

Juno estava sentada diante de um espelho, passando batom vermelho com firmeza, usava uma lingerie pequena vermelha que deixava pouco para a imaginação, seu corpo bonito e costas tatuadas a mostra. Quando viu a amiga, sorriu e se levantou rapidamente.

— Já? — perguntou, ajeitando a própria máscara de tigresa no rosto. — Achei que ela ia marcar pra outro dia. É seu aniversário, Melia.

— Eu sei — respondeu Melia com um sorriso fraco. — Mas prefiro fazer isso logo… antes que eu perca a coragem.

Juno segurou suas mãos com força.

— Você vai conseguir. Você é forte, amiga, muito mais do que imagina. Infelizmente, na vida adulta e sozinhas, precisamos fazer coisas que não queremos pra sobreviver… Mas você vai conseguir!

Elas se abraçaram por um instante, e então Juno sussurrou:

— Feliz aniversário, Bunny.

Melia sorriu, e dito pela amiga, aquele nome não soou tão estranho.

— Vai arrasar lá fora, tigresa.

Juno deu uma piscadela e saiu dançando pelos corredores enquanto a música aumentava do lado de fora. Melia respirou fundo, foi até o cabideiro e escolheu uma lingerie branca para combinar com a máscara, com tiras que cruzavam o abdômen e deixavam suas curvas mais evidentes. Vestiu a peça com mãos trêmulas, amarrou a máscara de coelhinha atrás da cabeça e encarou seu reflexo.

Era a primeira vez que usava algo assim, que mostrava tanto seu corpo.

— Bunny — sussurrou para si mesma. — É só dançar.

***

Enquanto isso, do lado de fora, no saguão da boate, o som dos saltos e risadas foi abafado por um novo grupo que acabara de entrar.

Cinco lobos passaram pela entrada com presença imponente. Estavam vestidos em ternos escuros e caros, com relógios de ouro e correntes discretas, mas o que mais chamava atenção era a tatuagem no braço esquerdo de cada um: uma cabeça de lobo com presas prateadas, o lobo estava em volto em desenhos tribais que fechavam todo o braço deles.

No centro do grupo, caminhando com passos pesados, estava um homem de postura firme e olhar cortante. Pele bronzeada, cabelo preto cortado rente, corpo largo e definido. Seu maxilar era rígido como pedra e os olhos escuros varriam o ambiente com desprezo silencioso.

O plano de ir até lá se divertir parecia não estar dando muito certo já que Killer estava com a cara fechada. 

— Boa noite, senhor Knight — cumprimentou um dos seguranças da porta, fazendo uma reverência.

Killer Knight não respondeu. Apenas assentiu com a cabeça, caminhando adiante como se o local lhe pertencesse, porque de fato, pertencia. A boate Fera Dourada era uma das joias do seu império.

Logo atrás dele, Trash, seu beta e braço-direito, observava o ambiente com olhos atentos, analisando tudo.

Foi quando Killer parou, o corpo enrijeceu, e ele ergueu levemente o queixo. O cheiro era sutil, mas doce, diferente de tudo que já havia sentido, mesclando-se ao aroma das diversas lobas que estavam ali para servir a qualquer um que pagasse o bastante.

Um cheiro fraco… familiar… instintivo.

— Aconteceu alguma coisa? — Trash perguntou, percebendo a reação do alfa.

Killer não respondeu de imediato, apenas inspirou mais uma vez. Mas o aroma se dissipou rápido, sumindo entre os outros perfumes, os outros cheiros fortes de perfume, sexo, bebida e cigarro.

— Nada — disse por fim, seguindo o caminho até a mesa mais próxima do palco.

Trash franziu o cenho, mas não insistiu. Conhecia bem o alfa, quando ele não queria falar, ninguém conseguia arrancar nada dele então também seguiu seu caminho naquela noite não seria o beta, seria apenas um lobo querendo se divertir. 

Ao menos era o que planejava.

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