As luzes do palco se apagaram lentamente, engolidas pela escuridão vermelha que pulsava ao som grave da música ambiente que começou a tocar depois que a dançarina da vez terminou seu show. A multidão na plateia sussurrava entre goles de uísque e olhos famintos. No centro do salão, bem na primeira fileira a frente do palco, Killer Knight se acomodava na poltrona de couro como um rei no trono, porque ele era. Dono da Fera Dourada, maior boate de Valtheria, alfa da alcateia que comandava tudo naquele território, ele estava ali naquela noite não por tédio, mas por estratégia.
Quando chegou percebeu alguns alfas convidados de algumas alcateias menores fazendo pequenas confusões com as meninas, mas até aquele momento nada havia sido tão grave, por isso não se envolveu diretamente. Estava observando tudo de longe e se necessario, resolveria pessoalmente o problema.
Assim que se sentou, as dançarinas se movimentaram ao redor dele como mariposas sedentas por calor, oferecendo bebidas, toques, sorrisos pintados de batom. Ele não deu atenção, como sempre, pegou seu copo com a mão tatuada, girou o líquido âmbar e se encostou no encosto largo. Estava atento, observando o palco, esperando o próximo número, mesmo sabendo que provavelmente não se interessaria.
Apesar de todas as lobas daquele lugar estavam ansiosas para dar tudo a ele, Killer nunca foi a Fera Dourada procurando por mulheres, aquele era para ele, apenas mais um de seus inúmeros negócios.
Atrás das cortinas, nos bastidores abafados pelo cheiro de maquiagem, perfume doce e adrenalina, Melia respirava fundo. Seu coração estava tão acelerado que sentia o pulso vibrando em seus ouvidos. Estava com os cabelos negros soltos, perfeitamente ondulados. Os olhos maquiados realçavam a máscara branca que escondia parte do rosto. O robe de seda vermelho claro mal tocava suas coxas, e por baixo dele, a lingerie branca marcava seus seios e quadris com um contraste delicado e provocante. Usava saltos altos, como mandava o figurino, era sua estreia.
Ela não queria estar ali, mas precisava.
Quando o nome “Bunny” ecoou pelo sistema de som, o estômago de Melia se revirou. Ela fechou os olhos por um segundo e desligou tudo o que sentia. Medo, vergonha, deixou tudo do lado de fora.
Abriu os olhos.
Respirou.
Então entrou.
As cortinas se abriram e os holofotes a engoliram.
A música era lenta, envolvente. O ritmo era uma batida hipnótica que combinava com o tilintar dos copos e os olhos devoradores dos homens. Melia andou até o centro do palco com passos calculados, sensuais, olhos fixos em um ponto distante. Sabia que não podia parecer insegura.
Com movimentos lentos, ela desatou o laço do robe e deixou que ele escorregasse pelos ombros. A plateia prendeu a respiração. Por baixo, a lingerie branca deixava suas curvas à mostra, a pele alva brilhando sob as luzes. Melia dançou. Rodopiou. Desceu com uma perna esticada e outra dobrada até ficar de joelhos, as mãos subindo pelo proprio corpo, tocando os seios cobertos de renda.
Com um movimento calculado, retirou o sutiã e o jogou de lado, deixando os seios medios de mamilos rosados a mostra para o olhar sedento dos lobos. Odiava aquele olhar, o tipo de olhar de quem olhava um pedaço de carne, um corpo sem alma.
Mas aquela não era hora para pensar.
A nudez parcial arrepiou sua pele, mas ela não parou. Deslizou os dedos por sua barriga, subiu até os seios, apertando-os levemente, provocando. Quando se levantou e caminhou até a beira do palco, abaixou-se de costas para a plateia, arqueando o corpo, o bumbum perfeitamente redondo à mostra.
E foi ali que os olhos dela encontraram os dele.