O hall da Holding Arantes
  parecia mais frio naquela manhã.
  Os saltos de Laura ecoaram pelo piso de mármore, firmes, decididos — ou pelo menos tentando parecer. Cada passo que ela dava era um esforço contra o cansaço, contra a dor que ainda latejava entre as pernas, contra a lembrança do corpo de Heitor dominando o seu como se tivesse direito sobre cada centímetro.
  Mas o que realmente a enfraquecia era o silêncio dele.
  Nenhuma mensagem. Nenhuma ligação. Nenhuma palavra sequer desde a noite em que ela se entregou por inteiro.
  E agora, ali, entre os elevadores e os olhares formais dos funcionários, Laura tentava se recompor. O blazer preto, a blusa de seda clara, o rabo de cavalo bem preso — tudo nela gritava controle. Mas por dentro, o caos rugia.
  Assim que o elevador chegou ao andar executivo, ela expirou devagar e saiu com passos contidos.
  E então o impacto veio.
  Patrícia.
  A loira saiu da sala de Heitor justamente naquele instante. Estava ajeitando a blusa com movim