Heitor bufou, irritado, passando as mãos nos cabelos com força.
  — Não distorce o que eu estou dizendo.
  — Estou tentando entender! — ela rebateu, a voz falhando.
  — Porque quando você diz que eu sou sua, que meu corpo te pertence… e depois desaparece como se nada tivesse acontecido, eu fico me perguntando se sou só uma peça na sua coleção de submissas obedientes.
  Heitor a encarou com raiva. Mas não era uma raiva dela. Era dele mesmo. Por sentir. Por não saber lidar com o que sentia.
  — Eu gosto de você, Laura. Gosto muito.
  Ela respirou fundo, o peito apertado.
  — Gosta de mim… ou da Laura submissa? Da secretária competente?
  Ele a olhou nos olhos, firme. Sem hesitar.
  — Gosto da Laura que obedece. Da Laura que se entrega. Que confia em mim de olhos fechados. Da mulher que me desafia na sala de reuniões e geme meu nome no quarto. Mas não gosto dessa versão aqui. — Fez um gesto com a cabeça, como se a examinasse. — Carregada de drama, expectativa e carência.
  Ela sentiu as