Capítulo 11
Aurora Sinclair
Já devia estar acostumada à loucura do café. O vai e vem dos clientes impacientes, os pedidos saindo freneticamente, e a dor latejante nos pés depois de horas em pé. Mas naquele dia algo estava diferente. O ar parecia mais pesado, denso.
Roberto, meu chefe, estava ainda mais intolerável do que de costume. Gritava com todos, revirava os olhos a cada deslize e deixava claro que sua paciência estava no limite. E, como sempre, eu era o alvo preferido.
— Aurora, mais rápido! — rosnou quando passei com a bandeja entre as mesas.
Eu ia responder que estava dando o meu melhor, mas me contive. Discutir com ele era inútil. Roberto gostava de mandar, humilhar, fazer a gente se sentir menor.
Então, aconteceu. Um erro bobo, um instante de distração. Virei rápido demais e não percebi o pires deslizando da bandeja. O estilhaçar no chão pareceu ensurdecedor.
O silêncio tomou conta do café.
E veio a explosão.
— Mas que droga, Aurora! — gritou Roberto, avançando como se eu ti