— Eu tenho um conserto hoje, não posso me dar ao luxo de simplesmente não ir— falou Unirian para sua mãe.
— Sinto muito, hoje tens uma consulta marcada no ginecologista, não podes simplesmente não ir, aquilo me custou uma fortuna, ouvi dizer que o Dr.Gael é o melhor médico ginecologista — disse, subindo as escadas com um cesto de roupas acabada de ser passada. — Mas mãe…— resmungou. —Nada de mas nem meio mas— Kate desceu com as chaves do carro na mão— vamos para não nos atrasarmos. Unirian murmurou algo que a sua mãe não ouviu. — O que que disse? — Que tenho sorte de ter uma mãe como a senhora— mentiu. — Ótimo. As duas entraram no carro. Unirian olhava a cidade linda de New York. Seus pés balançavam freneticamente. — A consulta vai ser rápida, tu namoras, precisas fazer essas consultas. — Namoro? Mãe por isso a senhora marcou essa consulta? Não aconteceu nada entre mim e o Nick, eu juro. — Tudo bem! Mas mesmo que nada tenha acontecido, precisamos ver se está tudo certo com você, sua saúde íntima é importante. Unirian revirou os olhos, achando aquilo tudo uma parvoíce. No hospital, uma mulher loira de óculos escuro, passou por ela e a mãe enquanto esperavam pela sua vez. “Que mulher linda, deve ser esposa de um grande empresário”pensou a jovem, olhando a mulher que parecia desfilar em seus saltos muito caro. — Unirian James — falou a enfermeira! — é a sua vez, por favor siga o corredor e entre na segunda sala à esquerda. — Obrigada— respondeu. Aquele hospital era confuso, tinham várias salas e portas parecidas. Sua mãe ficou na sala de espera, ela não podia entrar, pois Unirian já era maior de idade. — És tu? — perguntou um enfermeiro, de óculos de grau, que parecia um nerd. Ela olhou para os lados, achando que estivesse falando com alguém atrás dela. Quando não viu ninguém, respondeu — sim, acho que sim— falou meio confusa com a situação. — Vamos, a sala é por aqui, o Dr.Jack está esperando pela senhora— falou, andando pelo corredor. Uniriam via a sala que ela tinha que entrar se afastar. — Espera? É mesmo o caminho certo? — perguntou confusa. — Sim! É esta sala aqui. Por favor— indicou para que ela entrasse. Unirian seguiu com desconfiança. Mas ao encontrar o médico junto a maca, sua desconfiança não perdurou. — Por favor, vamos ser rápidos, tire a roupa e deita-se aqui— falou o homem de meia idade, impaciente. — Aqui senhora! — a enfermeira deu-lhe uma bata descartável para que ela vestisse. Unirian foi para trás do biombo e trocou-se. Após deitar na maca, o médico começou o procedimento. Uma hora depois Unirian já estava vestida, o médico nada disse, apenas saiu deixando ela lá, junto da enfermeira que a acompanhou até a saída. Kate viu a filha sair e se levantou. — Podemos ir? — perguntou. — Sim! — O que médico disse. Ela achou estranho, porque diferente das demais consultas, a única coisa que ele disse foi, “tira a roupa, e deita-te”. — Disse que estava tudo normal, não tem problema nenhum— mentiu, não querendo prolongar a conversa— Tenho duas horas para me preparar, a senhora vai? Não vai? — Eu nunca perderia meu amor, agora vamos para casa, tenho que estar a altura de ver minha filha no grande auditório PAC NYC. — Vai ser incrível— falou ela, contente com sua grande estreia no mundo musical. — Eu sei que sim, vais ser uma grande pianista— Ela e sua mãe entraram no carro. Pela trajetória, o rosto do grande empresário Dante Marchesi apareceu, era uma entrevista onde ele falava sobre a sua empresa. Ela olhou para ele, mas de relance, não prestando muita atenção. — Não acha ele lindo? Ter um homem desse na minha vida, eu me acharia a mulher mais sortuda do mundo. — Depois do que o papai fez com a senhora ainda vê esperança no amor? — perguntou. Olhando para o celular enquanto trocava mensagens com seu namorado Nick. — Seu pai foi um traste, mas não quer dizer que todos os homens sejam— falou a mãe, prestando atenção na estrada. Unirian revirou os olhos. — A senhora é muito… — Otimista? Positivo?… — Exagerada, otimista até demais. Lembra-te que na lei da física, positivo demais explode, bum — ela fez um gesto com as mãos na cabeça. Sua mãe achou graça. — Já tens 22anos, e desde que teu pai nos deixou, nunca tive outro homem na minha vida, estou precisando desestressar. — Que nojo mãe, espera quando eu sair de casa, fica mais fácil pra ambas. As duas riam e se divertiram, Unirian e Kate, tinham enfrentado o mundo por cima delas antes de Mariano seu pai, foi pego pela polícia como traficante de droga e chefe de uma pequena fracção. No auditório PAC NYC, tudo estava lotado. Nos bastidores, Unirian estava nervosa, nunca tinha tocado para tanta gente. — Unirian — chamou Nick seu namorado. O homem de 1.78, de cabelos loiros, vestindo um terno, apareceu, seus olhos azuis e sorriso encantador a fizeram sorrir também. O cheiro do seu perfume era intenso, mas não exagerado. — Oi! Finalmente alguém que conheço apareceu— falou ela, suas mãos estavam trêmulas. Ele sorriu ao ver ela nervosa. — Qual é a graça? Estou vendo meu mundo colapsar aqui mesmo, e se eu tocar a nota errada? Todo mundo vai rir de mim. — Não entra em pânico, vai ficar tudo bem, vais ver— falou ele, abraçando sua namorada. — Tens certeza? — perguntou, dentro do abraço. — Tenho, você trabalhou duro por isso, vai correr tudo as mil maravilhas. Nick deu um beijo suave, ela se sentiu mais calma, era o momento de entrar no palco. As luzes se apagaram e os holofotes seguiam ela até se sentar, no centro do palco. Ela começou a tocar, as suaves notas do piano encheram a sala com um melodia harmoniosa e vibrante de Ëtude Op. 25 NO. 11. Dante Marchesi era um dos espectadores. Ele gostava de música clássica, o som do piano o deixava mais calmo depois de um confronto. — Senhor! Ele está aqui— falou um de seus homens, Ricci, que o acompanhou durante o seu império da Máfia Italiana. — Deixa-o entrar— falou, sua voz parecia como a de um rugido de leão. Acentuada e imponente como sua presença. Seus cabelos pretos arrumados todo para trás, seu terno bem passado e a uma gravata impecável. Seu perfume masculino peculiar o fazia destacar-se entre tanto, seus olhos pretos olhavam fixamente para a pessoa que tocava no centro. Timóteo, era um de seus fornecedores, mas ele queria muito mais que alguns trocados que recebia de Dante. — Senhor Marchesi — falou ele, se sentando ao lado de Dante. Que não olhou para ele, parecia atento na melodia do piano e em quem tocava. — Ouvi dizer que já não vai trabalhar para mim, é verdade isso? — perguntou, ainda com o olhar fixo na pianista. — Espero que não leve isso para o pessoal, percebi que posso expandir o meu nome, tal como o senhor fez com o seu. Dante Suspirou. Estava entendendo do que se tratava. — Parece que está insatisfeito com o que ganha trabalhando para mim. — Confesso que sim… — Desde quando? — perguntou ele o interrompendo. — Desde quando o quê? — Timóteo parecia confuso. — Desde quando tem me traído? — Dante finalmente olhou para ele, que parecia perplexo. O homem nada disse, mas sabia que estava encrencado. Fez um sinal e vários pontos vermelhos apareceram no peito de Dante. Dante reparou e olhou para ele. — Não vais por esse caminho—falou ele.