A penumbra do quarto trazia um clima de melancolia silenciosa. Apenas as luzes amareladas do abajur filtravam sombras suaves pelas paredes. Unirian estava sentada na beira da cama, usando uma camisola fina de tecido leve, que destacava a silhueta da barriga de oito meses — pequena, mas firme e cheia de vida. Dante estava de pé diante dela, com as mãos nos bolsos e o olhar preso ao chão por um instante, como se escolhesse cuidadosamente cada palavra.Ele finalmente ergueu os olhos e se ajoelhou diante dela.— Eu preciso ir, Unirian. — sua voz saiu grave, contida. — Algumas coisas precisam ser resolvidas… antes que nosso filho venha ao mundo.Ela franziu o cenho, levando a mão até o rosto dele com carinho.— Vai ser perigoso?Dante fechou os olhos por um segundo ao sentir o toque. Era o único toque no mundo que o domava.— Tudo é perigoso quando se tem algo a perder.— disse, abrindo os olhos com a intensidade de alguém que carregava o peso de um império às costas. — Mas prometo que volt
— O quê... Como você...? Dante apontando a arma para o peito dele. — Fiquei cansado de brincar. Hoje você vai cantar. Sem esperar, Dante o arrasta pela gola até a sala. Anton vê sua família reunida, cercada pelos homens de preto. Ricci encosta-se na parede, braços cruzados. Petrov segura um charuto apagado, o olhar duro. Dante o j**a no chão de joelhos. Dante olhando nos olhos dele. — Você não passa de um rato. Um peão. Quem está por trás disso, Anton? Anton tentando manter a pose, com o rosto marcado por sangue. — Você não entende... Eu só sou... um experimento. Um boneco nas mãos dele. Dante voz baixa, firme. — Quem é *ele*? Anton com um sorriso quebrado. — A verdadeira ameaça... nunca esteve sob sua mira, Dante. Ele te observa desde sempre. E agora... ele quer tudo. A sua família... a sua virgem... o seu legado. Dante se aproxima, com raiva latente nos olhos. Pressiona a arma na testa de Anton, mas... não atira. Dante com desprezo. — Se ele está me observando, que vej
O relógio marca quase meia-noite. A luz da sala está suave, e Unirian está sentada no sofá, visivelmente desconfortável. *Brian* continua por perto, conversando com um sorriso discreto que a fazia se perguntar se ele era só gentil ou perigosamente manipulador.Ela mal teve tempo de responder uma de suas perguntas quando a porta da frente se escancarou.Dante Marchesi entrou.Usava terno escuro ainda semiaberto, gravata solta, o cabelo bagunçado pelo vento — e o olhar... o olhar era pura fúria contida.Unirian levantou-se num impulso. — Dante...Ele a olhou, direto, mas não respondeu de imediato. Seus olhos passaram por ela até fixarem-se em *Brian*, que agora se endireitava no sofá, como se esperasse esse momento.Dante voz seca, dura como aço.— Está confortável, Brian?Brian sorrindo.— Irmão... só vim conhecer a tua esposa. Me surpreendeu ela não saber que você tem família.— Eu não tenho.O tom foi um corte direto.Unirian tentando acalmar.— Dante, ele disse que é seu irmão, eu
Dante retorna de uma viagem e encontra Brian e Unirian rindo juntos na sala. Dante com um olhar frio para Brian. — Vejo que você está se sentindo em casa. Brian com um sorriso tranquilo. — Apenas cuidando da sua esposa, irmão. Ela merece atenção. Dante observa a cena, a mandíbula tensa, mas se contém. Dante confronta Brian, longe dos olhos de Unirian. Dante em tom baixo e ameaçador. — Saia da minha casa. Agora. Brian com um sorriso provocador. — Ela confia em mim. E você? Está sempre ausente. Dante aproximando-se, olhos fixos nos de Brian. — Se você tocar nela, não haverá lugar no mundo onde possa se esconder. Brian sussurrando. — Já estou mais perto do que você imagina. No dia seguinte, Unirian rega algumas flores, com a barriga já bem arredondada. Brian está sentado em um banco de pedra, fingindo ler um livro, mas seus olhos não a largam. “Ela é linda. Ainda mais agora. Calma, serena… vulnerável. Não por muito tempo. Um dia ela vai entender que nasceu pra mim, e não
A sala está iluminada apenas por velas, lançando sombras dançantes nas paredes adornadas com símbolos antigos. Brian está sentado diante de Vladislav Romanov, o patriarca da família, um homem de presença imponente e olhos que parecem penetrar a alma. — Então, você vem até nós, irmão de Dante, buscando uma aliança. Por que deveríamos confiar em você?— falou Dmitri Romanov. — Porque temos um inimigo em comum. Dante. Ele tomou algo que me pertence por direito. A Virgem do Diabo. Ofereço a vocês Dante, em troca de Unirian. Deixem-na comigo, e prometo eliminar a criança assim que nascer. Dmitri Romanov falou— Você propõe entregar seu próprio sangue em troca de uma mulher? E o que nos garante que cumprirá sua parte? — Minha ambição é maior do que qualquer laço de sangue. Dante sempre foi o favorito, o escolhido.Mas eu serei aquele que o destruirá. Deixem Unirian comigo, e verão Dante cair. — Muito bem. Mas saiba que se falhar, não haverá lugar neste mundo onde possa se esconder de nos
A mansão estava mergulhada em silêncio, exceto pelo som dos passos apressados de Dante ecoando pelos corredores luxuosos. Ele ignorou Brian, ignorou o mundo. A única coisa que lhe importava agora… era ela.Chegou à porta do quarto de hóspedes, onde Unirian havia se refugiado. Ele bateu duas vezes, mas não esperou resposta. Abriu.Unirian estava de costas, parada à janela, abraçando a barriga. O vestido azul escuro parecia mais justo agora, delineando o ventre de oito meses — o lar do pequeno VDante falou baixo, sem fôlego.— Unirian… me escuta, por favor.Ela não se virou.Dante um pouco mais próximo.— Eu errei. Fiz tudo da forma errada. Mas não posso… não consigo ficar sem você.Unirian ainda sem olhar pra ele.— Você já estava sem mim… só não tinha notado.O silêncio se arrastou. Dante deu mais um passo, mas ela levantou a mão, ainda de costas.— Não. Não se aproxime — ela faz uma pausa.— Eu preciso de espaço. Preciso respirar longe de você.Dante a voz trêmula.— Você é minha re
O céu coberto de nuvens escondia a lua, como se até ela recusasse assistir o que estava para acontecer. Na casa silenciosa, todos dormiam. Todos… menos um.Dante Marchesi estava acordado. Há dias. Com os olhos vermelhos, os músculos tensos, o paletó escuro como a própria noite.Ele não precisava de Ricci. Nem de Petrov. Essa tarefa era dele.Quando se tratava de sua perdição, Dante cometia o pecado com as próprias mãos, com gosto.Brian dormia em um dos quartos da casa de hóspedes. A porta entreaberta. Inocente demais para alguém tão sujo.Dante entrou sem fazer barulho. Como uma sombra viva.A respiração lenta. O olhar sem emoção. Ao se aproximar da cama, viu o falso irmão encolhido, vulnerável.Mas não sentiu pena. Apenas fúria contida.Com um movimento seco, Dante tapou a boca de Brian com uma das mãos, pressionando sua cabeça contra o travesseiro. A outra mão segurava a faca curva, rente à pele do pescoço do homem.Os olhos de Brian se abriram, em choque, sem ar, tenta
A reunião foi convocada com urgência no Salão da Fortaleza Marchesi, uma mansão escondida nas colinas da Toscana. Todos os representantes da família estavam presentes — inclusive aliados italianos, russos e do Oriente Médio. As imagens do coração e olhos de Brian espalhadas por uma sala ensanguentada eram projetadas em um telão. — Dante, você ultrapassou todos os limites. Matar seu próprio irmão? Isso é inaceitável. — E agora, você se apega a essa mulher, essa "virgem do diabo", como se ela fosse mais importante que nossa família. — Talvez seja hora de tirá-la de você, para que volte a pensar com clareza. As palavras mal haviam sido pronunciadas quando Dante se levantou lentamente, seus olhos escurecendo com uma fúria contida. Dante com voz baixa e ameaçadora. — Avô, repita isso. Diga mais uma vez que pretende tirar Unirian de mim. O silêncio tomou conta da sala. Todos os presentes sentiram a mudança no ar, como se uma tempestade estivesse prestes a desabar. Don Vittorio ten