Lucas
Não bati. Apenas parei diante da porta dela e respirei fundo.
Ainda estava com raiva. Dela. De mim. De todo mundo naquela casa. Levantei a mão e bati. Uma vez. Firme.
A porta do quarto de Angel se abriu com um golpe seco antes que eu pudesse bater pela segunda vez. Ela surgiu como uma tempestade recém-contida: cabelo bagunçado, alguns fios soltos colados no rosto, a blusa de botões levemente amassada, como se tivesse estado deitada ou, mais provável, jogada sobre a cama há pouco.
— O que você ainda quer? — cuspiu, segurando a maçaneta como se estivesse considerando bater a porta na minha cara.
Respirei fundo, mantendo a voz neutra.
— Vim te lembrar que você tem horário. E que sua avó quer você na empresa. Agora.
Ela soltou um riso curto. Quase um latido.
— Claro. A vó quer, você corre. Tudo como sempre. Você e seus horários. E suas ordens.
— Angel… — dei um passo à frente, mantendo o tom firme — eu entendo o que você está sentindo.
Ela me lançou um olhar como se eu tivesse a