Angel
Lucas se levantou devagar, deu a volta na mesa, e parou diante de mim, próximo o suficiente para que eu sentisse seu cheiro familiar, sutil, quente, com um toque de madeira e alguma coisa que sempre me fazia querer chegar mais perto.
Mas eu conhecia aquele olhar. Era o mesmo que ele usava quando tentava não demonstrar desconforto. Quando se recusava a perder o controle.
— Você vai mesmo me dizer que aquilo foi normal? — perguntei, soltando o ar devagar.
Ele apoiou os cotovelos na mesa, entrelaçou os dedos e me encarou com calma demais.
— Angel...
— Não. Sério. Vamos fingir que não aconteceu? Que ela não estava praticamente sentada no seu colo? — cruzei os braços, meu corpo inteiro pulsando em alerta.
— Nada aconteceu. — Sua voz era baixa. — E mesmo se ela tivesse tentado... eu não teria permitido.
Desviei o olhar, pressionando a língua contra o céu da boca. Eu sabia disso. Parte de mim sabia. Mas a outra parte, a que ainda se sentia deslocada naquela empresa, naquela família, na