A respiração me escapou por um instante, como se tivessem me acertado no peito. Assenti, engolindo em seco, e caminhei até lá com passos tensos, como se estivesse indo prestar contas de um crime que não cometi — ou pelo menos, não conscientemente. Ainda assim, o gosto amargo da culpa estava preso à minha língua.
A porta estava entreaberta, e quando bati levemente, ouvi a voz da madre Elisa:
— Entre, irmã Laura.
Empurrei a porta e dei um passo para dentro. O ar ali dentro parecia mais pesado, espesso como incenso antigo. E lá estava ele.
Padre Andrei.
Sentado ao lado da madre, com a postura impecável, como se fizesse parte daquele lugar há séculos. Não vestia o hábito preto formal de celebração, mas sim uma roupa clerical simples — que, de alguma forma, ainda parecia ter sido talhada para ele. Ele levantou os olhos e os fixou nos meus com firmeza. Cinzentos. Calmos. Insondáveis.
Implacáveis.
Meu coração acelerou.
Minhas bochechas esquentaram de imediato — e não de forma delica