O santuário despertou sob um silêncio estranho. A luz das luas gêmeas parecia hesitante, como se temesse tocar o chão. As árvores sussurravam em línguas esquecidas, e os lobos mais antigos andavam com os pelos eriçados, como se algo invisível os observasse.
Aether desenhava no chão com luz e sombra, em silêncio. Seus olhos estavam distantes, como se vissem além do tempo. Scarlet se aproximou, tocando levemente seu ombro.
— O que você vê, meu amor?
— A primeira fenda vai se abrir hoje — ele respondeu, sem desviar o olhar.
— E alguém vai querer atravessá-la.
No coração do santuário, uma rachadura surgiu no ar, não no chão, mas no próprio tecido da realidade. Era como um espelho partido, revelando uma versão alternativa do mundo: mais brilhante, mais fácil, mais tentadora.
Dentro da fenda, Lys viu algo que a fez parar de respirar.
Ela viu a si mesma — sem marcas, sem memórias, sem dor. Uma versão leve, vivendo como curadora em uma vila humana, cercada por paz e simplicidade. Nenhum trau