Evelyn
Passei a noite inteira acordada. Não foi insônia comum, foi aquela inquietação que não deixa o corpo descansar porque a cabeça não para. Arrumei o quarto milimetricamente, como se alinhar livros e dobrar roupas pudesse organizar também o que eu sentia. Entre uma pilha de cadernos e outra, pegava o celular e mandava mensagem para Dante. Às vezes ele respondia rápido. Às vezes demorava. Às vezes vinha só uma frase curta, funcional demais para alguém que, horas antes, me dizia que eu morava no coração dele. Isso foi me deixando insegura de um jeito bobo e cruel.
Para não pensar, continuei. Desfiz malas, reorganizei tudo de novo, conferi horários das aulas pelo menos três vezes, li e reli e-mails da universidade. Quando finalmente me deitei, já era quase manhã. Dormi pouco. Mal.
Quando acordei, me obriguei a ficar animada. Disse a mim mesma que esse era o começo de algo importante. Tomei um banho demorado, deixei a água quente cair sobre os ombros como se pudesse levar embo