Dante
Por escolha da Evelyn, eu a levaria um dia antes para a universidade. Ela disse que precisava desse tempo para se instalar no alojamento, organizar as coisas, respirar antes do começo oficial das aulas. Eu concordei sem discutir. Conhecia aquele brilho inquieto nos olhos dela: ansiedade misturada com medo. A coragem dela sempre vinha assim, tremendo por dentro.
Combinamos que passaríamos o dia e a noite juntos em Cambridge. Sem interrupções. Sem olhares atravessados. Sem a casa grande demais, silenciosa demais. Apenas nós dois, adiando o inevitável por mais algumas horas.
Peguei as malas que ela separou, uma a uma, conferindo mentalmente se não tinha esquecido nada. Evelyn ficou parada perto da porta, enquanto a senhora Collins a abraçava com força. O choro dela era contido, mas pesado.
— Cuide de você, minha querida — ouvi a senhora Collins dizer, a voz embargada. — E não se esqueça de comer direito.
Evelyn sorriu, emocionada, e retribuiu o abraço.
— Eu prometo.