Dante
Cheguei em casa no limite do cansaço, com o corpo pesado e a cabeça cheia demais para o silêncio da mansão. O dia tinha sido uma maratona calculada: reuniões em sequência, decisões que não podiam esperar, números que exigiam precisão. Tudo isso para não pensar nela. Para não abrir o aplicativo de mapas e calcular quanto tempo levaria até Cambridge com a ida e volta, se tentasse ficar ao menos 5 minutos com Evelyn. Para não ceder à vontade quase física de buscá-la de volta.
Eu sabia, com uma clareza dolorosa, que Evelyn precisava disso. Precisava da universidade, dos amigos, das escolhas erradas e certas que só se aprende fazendo. Precisava crescer longe de mim, longe da minha sombra constante. Não seria justo arrancá-la dessa fase por medo, por ciúme ou por apego. Mesmo assim, saber não tornava mais fácil sentir.
— Posso servir o jantar, Dante? — perguntou a sra. Collins, assim que me viu atravessar o hall.
— Em quinze minutos — respondi. — Vou tomar um banho rápido.