Evelyn
Fiquei mais um tempo na cozinha com a Sra. Collins, tentando me convencer de que aquele cheiro de pão quente e manteiga derretendo não era um tipo muito específico de saudade disfarçada. Ela falava de coisas simples — o clima, as flores novas no jardim, uma receita que a mãe dela fazia quando era jovem — e, de algum jeito, aquilo me fazia esquecer que eu tinha um nó no peito do tamanho de um punho fechado. Eu ajudava a secar a louça, fingia atenção total, mas minha cabeça estava em outro lugar. Estava no carro. Na chuva. Nos olhos de Dante e o que fizemos no caminho de volta à mansão.
Subi para o quarto e encarei minha pintura inacabada como se aquilo fosse me distrair dos pensamentos e da ansiedade. Um pedaço de tela manchado de tinta, esperando decisões que eu ainda não tinha coragem de tomar. As cores estavam bonitas, mas faltava algo. Faltava eu. Do jeito que eu era antes de tudo isso. Pensei no ateliê da minha mãe, naquele espaço que talvez ainda cheirava a óleo de