Dante
Eu a mantive nos braços por alguns segundos a mais do que o necessário, como se soltá-la fosse admitir que tudo aquilo tinha sido real demais para caber em mim. O cheiro da chuva ainda estava nela. Nos meus cabelos. Na roupa grudada no corpo. Nossos lábios se afastaram devagar, ambos respirando como se tivéssemos corrido quilômetros.
Olhei para fora pela janela embaçada. A chuva estava afinando… até quase nada.
— Parece que parou — murmurei.
Ela confirmou com um leve aceno.
Eu me ajeitei no banco, forçando meus músculos a lembrarem que ainda existia um mundo prático e cheio de consequências fora daquela intensidade toda.
— É melhor a gente continuar. Ainda tem mais de uma hora de estrada.
Ela concordou em silêncio. Talvez cansada demais para reagir de outra forma, ou não soubesse o que dizer. Eram muitas emoções ao mesmo tempo, na verdade.
Liguei o carro e o som do motor soou como um retorno à realidade. Evelyn puxou uma manta do banco de trás e começou a se enx