Dante
O hotel ficava a poucas quadras da universidade, um prédio antigo de fachada bege, janelas altas e luzes amareladas que davam àquele lugar uma aparência de refúgio cansado, como se ele tivesse servido de abrigo para gerações inteiras de estudantes que ainda não sabiam quem eram. Assim que entramos, senti um peso estranho nos ombros, aquele tipo de sensação que não tem explicação lógica, mas que grita dentro da gente para prestar atenção.
Pensei em pedir dois quartos.
Cheguei a abrir a boca para isso, mas olhei para Evelyn ao meu lado, com o casaco ainda nos braços, o cabelo levemente úmido da garoa que acabamos pegando e aqueles olhos claros que pareciam sempre perguntar coisas que ela não dizia em voz alta. Ela não queria dormir sozinha. Eu sabia. Doía saber, inclusive, porque significava que, por algum motivo, eu era o porto mais seguro que ela tinha naquele momento. E isso me dava vontade de protegê-la do mundo inteiro, inclusive de mim.
— Boa noite — disse ao atend