LAIKA
Caminhei até o riacho esforçando-me por piscar, contendo as lágrimas que ardiam para cair. Tentei expulsar as lembranças que me atormentavam, mas não consegui. Ele jurara que jamais tocaria outra loba e, embora a razão sussurrasse que ele não estava em pleno juízo, eu me sentia cega de dor e incapaz de pensar com clareza.
Ele pagaria por me ferir. Haviam se passado poucos dias desde que despertara e já se deitava com Erika. Encostei-me ao tronco de uma árvore para não desabar. Estava furiosa com ele, porém ainda mais comigo por permitir que me atingisse e pior, por deixá-lo perceber o quanto eu estava machucada.
Prometera a mim mesma que não lhe daria esse prazer. Ele queria ferir-me de todas as maneiras possíveis, mas eu decidira manter-me impassível, mesmo que por dentro rastejasse de dor.
Respirei fundo. A cólera sufocava-me. Ofegava não pela corrida, e sim pelo esforço de conter a energia que fervilhava. A adrenalina pulsava nas veias como rio em fúria, e eu sentia o controle