Antonella
Eu sonhei que tinha dezessete anos de novo. Estava no corredor do colégio, com meu uniforme azul e uma pasta nas mãos. Dentro, cartas que eu nunca tive coragem de entregar. “Para Alonzo Karvell”, eu escrevia no topo, como se fosse normal escrever para alguém que parecia um mito.
Ele passava cercado de gente importante, convidados de palestras, diretores. Eu só o via de longe. No sonho, eu sentava no banco do pátio e escrevia:
— “Um dia você vai me notar”. — Quando terminei a frase, o sino tocou e o papel voo...
Acordei com o coração apertado. Demorei alguns segundos para entender onde eu estava. A mansão, o quarto grande, a vida vazia. Sentei na cama e respirei fundo. Não era mais o colégio. Era minha casa. E ele dormia em outro quarto.
Vesti uma calça confortável, um suéter simples e desci para a cozinha. Eu ia pegar café e subir, como sempre, mas parei na porta. Alonzo estava sentado à mesa com o notebook aberto e a xícara de café ao lado.
Cena rara. Ele não costuma apar