Alonzo
Por que ela ainda me afeta tanto?
A pergunta veio sem aviso, direto, como se alguém tivesse sussurrado dentro da minha cabeça. Antonella estava diante de mim, os olhos firmes, a respiração descompassada.
Ainda estávamos na sala, parados desde o fim da discussão. A tensão entre nós não tinha diminuído, tinha mudado de forma. O ar parecia denso. Eu conseguia sentir o cheiro suave dela, a pouca distância.
— Vai continuar me olhando assim? — ela perguntou, a voz baixa, quase um desafio.
— Estou tentando entender o que você quer — respondi.
— Quero ser tratada como uma pessoa. Não como uma assinatura num contrato.
As palavras dela doeram mais do que deveriam. E, ainda assim, o que me dominava naquele instante não era raiva. Era desejo. Desejo e medo misturados, numa proporção perigosa.
Dei um passo à frente. Ela não recuou. O olhar dela prendeu o meu, e o tempo pareceu parar. O som da chuva lá fora, os ponteiros do relógio, tudo ficou distante. Só havia nós dois. O instinto tomou c