Alonzo
O hospital é um ambiente triste e mórbido, e o quarto cheira a abandono.
Eu encaro o teto branco e não sinto nada além de vazio. A comida continua intacta na bandeja, tentei comer, mas o nó na garganta impede. Meu peito só pesa. Minha cabeça dói, mas não é pela situação, e sim pela ausência dela. Dói porque a memória falha, mas o corpo lembra. O coração lembra. O perfume lembrava. Só não lembrava como era viver sem ela.
Eu não quero continuar assim. Não quero continuar consciente num mundo em que ela existe, mas não me quer mais.
Foi então que subornei um enfermeiro para comprar pra mim três garrafas de uísque. Dei um valor alto. Ele riu, meio nervoso, perguntou se eu tinha certeza.
— Absoluta — respondi, com a voz rouca.
Ele disse que era sua última noite no hospital, que voltaria para sua cidade natal no dia seguinte. Que não tinha mais nada a perder. Aceitou o dinheiro. Mas, antes de sair para comprar as bebidas, ele aplicou uma dose de algum medicamento para “suavizar as do