Antonella
Quando cheguei em casa, não precisei dizer nada. Minha avó estava na sala, dobrando umas roupas dos trigêmeos, e só de olhar pra mim, soube. Eu desabei no sofá, o rosto quente, os olhos ardendo.
— Ele não vai parar, vó — soltei, quase sem voz. — Ele vai continuar insistindo. Vai continuar me puxando de volta. Vai continuar tentando… e eu não sei mais se consigo ser forte.
Ela largou o pano no colo e se aproximou com calma, aquele jeito dela de entender antes mesmo de ouvir.
— Então talvez — ela falou, baixinho — talvez seja você quem precise parar.
— Parar o quê? — perguntei, irritada, limpando o rosto com raiva.
— Parar de fugir.
Eu ri sem humor.
— Fugir? Ele me machucou. Ele fez coisas que eu nem sei se perdoei completamente. E agora eu virei alguém que chora cada vez que ele diz que me ama. Eu não estou fugindo, vó. Eu estou tentando me proteger.
Ela balançou a cabeça, tranquila.
— Sua teimosia em lutar contra o amor que você merece está te destruindo.
— Amor não era pra