Antonella
Acordei com uma dor estranha, diferente de todas as outras que tinha sentido até então. Não era só incômodo, não era só peso. Era como se algo estivesse apertando por dentro e tentando empurrar de volta.
Olhei para o relógio na cabeceira. Três e pouca da manhã. A casa estava quieta, Londres inteira devia estar dormindo, menos eu e os três pequenos dentro da minha barriga.
Tentei mudar de posição na cama, mas a dor voltou, mais forte. Levei a mão ao lado do abdômen e fechei os olhos, respirando fundo.
— Calma… — falei baixinho. — Não é hora ainda. Fica mais um pouco com a mamãe.
Outra contração veio em seguida, mais intensa. Um suor frio apareceu na minha testa. Eu sabia que alguma coisa estava diferente.
Com esforço, sentei na cama e estiquei o braço até o criado-mudo para pegar o celular. Minhas mãos tremiam. Pensei em chamar minha avó pelo telefone, mas outra dor me cortou no meio.
— Vó… — chamei, num fio de voz.
Poucos segundos depois, ouvi passos apressados no corredor.