Antonella
A claridade atravessou a cortina e bateu direto no meu rosto. Acordei devagar, com o corpo pesado, o peito apertado. Tudo parecia diferente, o ar, o silêncio, até o modo como o lençol tocava minha pele. Levei um tempo pra entender onde estava. E, quando percebi, desejei não ter acordado.
O outro lado da cama estava vazio. Nenhum sinal dele. Só o cheiro do álcool que ainda pairava no quarto.
Tentei me mover, mas o corpo doía em lugares que nunca deveriam doer. As pernas pesadas, o pescoço ardendo, os ombros latejando. Quando consegui me levantar, cada passo foi uma lembrança. Cada dor, um lembrete do que aconteceu.
Fui até o banheiro. A água fria da pia me ajudou a não desabar logo de cara. Mas bastou levantar o rosto e encarar o espelho para o chão desaparecer.
As marcas estavam lá. Manchas vermelhas no pescoço. Hematomas nos ombros. Marcas de dedos nos braços. E um olhar que eu não reconhecia. Era o meu, mas vazio.
Soltei o ar com força e apoiei as mãos na pia. O gosto de b