Alonzo
Receber alta foi quase como respirar depois de semanas preso debaixo d’água. O médico recomendou repouso, cautela, evitar esforços físicos e emocionais. Eu assenti, como sempre, mas nunca fui muito bom em seguir esse tipo de regra. Especialmente quando o que está em jogo não é meu corpo, mas minha família.
Antonella ficou me observando enquanto eu assinava os últimos papéis.
— Não era pra você estar feliz por receber alta? — ela perguntou, parada com os braços cruzados, um vestido simples e o olhar que sempre me desmontava.
— Estou feliz. Só tenho outras coisas para resolver antes de voltar oficialmente pra vida.
Ela respirou fundo.
— Alonzo, você acabou de sair do hospital. Nem devia dirigir.
— Não vou dirigir. — respondi, calmo — E não vou sozinho.
A porta do quarto se abriu e Axel entrou, com um sorriso debochado.
— Cheguei pra assumir meu papel de Super Nany do dia. — ele anunciou, fazendo reverência para Antonella — A senhora pode ficar tranquila. Vou cuidar do seu marido