Auriel
“Sente-se, minha querida,” Darius ordena com uma voz firme e assustadora.
Eu obedeço por medo. O som da voz dele atravessa o ar como algo sólido, dominador, impossível de ignorar.
Ficar desligada dos meus poderes é como perder o senso de gravidade, como se meu corpo flutuasse num abismo silencioso e gelado. Me sinto sem chão, sem direção, com o peito apertado por uma ausência sufocante, como se parte de mim tivesse sido arrancada.
Ainda sinto o arrepio que percorre minha pele ao lembrar dos gritos dos convidados, gritos que se misturam ao som grotesco de carne sendo dilacerada, como ecos de um pesadelo que não cessa. O ar ainda parece impregnado do cheiro metálico do sangue e do medo. Thorne transformado é algo cruel, monstruoso, e Darius sabe disso.
Como eu não reconheci essa perversidade nele? Como pude ser cega a ponto de não ver o que se escondia por trás daquele olhar que antes me parecia tão humano? Esse homem parado na minha frente, tão imponente, tão frio, tão inalcançá