Rafael me olha achando graça. - Está defendendo minha namorada agora? Achei que vocês não se gostassem? - perguntou ele soltando um riso. - A gente não se gosta. Estou apenas falando algo que eu sei. Fatos são fatos. - ele se afasta um pouco de mim e me lembro de respirar novamente. - Mas se ela tem um melhor amigo que não sou eu, por que eu não posso ter uma que não seja ela também? - mal me lembro de respirar e sua intensidade me atinge novamente. Mas ele tem razão. Eu penso igual, em um relacionamento tem que ter igualdade. - É, você tem um ponto. Eu concordo com você. - digo a ele, relaxando meu corpo. Talvez realmente não seja nada demais estarmos aqui. “Você tem que parar de se iludir com qualquer coisa” digo a mim mesma. Ele sorri, sem malícia ou intenção romântica. Não sei dizer se me sinto aliviada ou desapontada. - Finalmente. Agora me diz… - ele toca em meu pescoço novamente - O que foi que aconteceu aqui? - seus dedos tocavam a marca do chupão gentilmen
Rafael ri como se eu tivesse contado uma piada para ele. - Eu não tenho intenção de fazer isso. - responde curto e direto. Logo escutamos alguns passos e vozes perto da gente. Era Anna sendo ajudada por Pedro a caminhar. - Não imaginava que íamos perder tantas vezes… - escuto ela dizer - Hei, você! Ela aponta para mim, e como quem se sente culpada me afasto um pouco do namorado dela. Ainda acho apavorante a ideia de brigar com uma mulher por causa de homem. - Você está bem bonita hoje! - ela diz com sua voz de bêbada, me pegando de surpresa com o comentário. - Anh… Obrigada?! Eu acho… - respondo a ela ainda confusa. Ela vem em minha direção e me abraça, colocando seus braços em volta do meu ombro e logo se ajeitando. - Vem! Vamos tirar um foto. - bastante sociável e actuando como se fôssemos melhores amigas, ela pega seu celular e tira uma foto nossa, uma foto toda tremida. - Por que vocês dois não vem se divertir com a gente? Vocês parecem dois excluídos assim…
Deixar a casa do meu pai para ir viver com a minha mãe, nunca, jamais havia passado pela minha cabeça nesses 8 anos dos quais não vi ela. Até porque quem decidiu acabar com a família foi ela, quando traiu meu pai sabe se lá quantas vezes. Mas enfim, aqui estou eu, na porta da casa dela ao seu lado para uma nova etapa da vida, depois de não aguentar mais o maltrato da nova mulher do meu pai. Ainda é esquisito ver ela, a que se diz minha mãe. Continua bonita, mas diferente. Sempre tivemos o cabelo tão preto quanto à noite, porém agora seus cabelos tem um tom de loiro que faz destacar ainda mais suas sobrancelhas escuras. - Você vai gostar dele, ele é bem tranquilo, acho que vocês vão se dar bem! - ela dizia empolgada sobre algo que não escutei bem enquanto abria a porta. Assim que ela abriu a porta eu dei uma olhada curiosa para ver em que tipo de lugar ela vive, já que nos deixou por um homem rico e realmente a casa é incrível. Tudo nesse lugar grita: valho muito, e isso só me fa
Eu nunca tive realmente medo de algo, mas comecei a ficar meio ansiosa por ver Pedro em todo lugar da casa, nos corredores, na sala, na cozinha, onde eu estivesse, parecia que ele estava lá. O jeito que ele me olhava fazia todos os meus pelos do braço se arrepiarem, como se algo dentro de mim me avisasse que eu deveria me proteger, que algo ruim aconteceria. Seus olhos pareciam querer desnudar até a minha alma, ele analisa sempre tudo que faço, tudo que falo e até como me movo. O que significa isso? Que ele me ache uma intrusa tão insuportável assim? Ou algo a mais? As vezes ele me faz pensar até que ele me deseja, já que me olha tanto, mas por outro lado, como me olha parece que sou simplesmente um nada, um inseto insignificante andando perto dele e o incomodando com minha presença. Os dois casos, me causa náusea. Sua presença também é um incômodo para mim. “Espero que o fim de semana passe rápido” pensei comigo suspirando pela milionésima vez ao ver ele pela casa. Fui para o ú
Finalmente chegou o dia de conhecer minha nova escola e eu parecia um caco de tão cansada. Não consegui dormir, mesmo trancando a porta o medo se apoderou de mim e cada segundo naquela casa pareciam horas. Mas enfim, aqui estou eu prestes a conhecer o lugar onde vou estudar e minha mãe estar ao meu lado me deixa um pouco menos ansiosa. - Ah Sophy, essa escola é a melhor, você sempre foi inteligente, vai amar esse lugar. - Não sabia ou não me lembrava que minha mãe é uma pessoa assim, tão positiva. Depois de longas conversas com o diretor sobre como funciona a escola e sobre como eu teria que me esforçar para me encaixar nos padrões elevados daqui, finalmente pude ir a minha sala e me apresentar. A professora sorriu como quem queria me encorajar, mas ter que ficar enfrente a umas 25 pessoas, não é tão encorajador assim. - Bom dia! Me chamo Sophia, tenho 16 anos e… - olhei para ela como quem se pergunta o que devo dizer, ela apenas sorriu um pouco mais. Voltei a olhar para a turma
Sinto meu rosto queimar de tanta vergonha, mas se tem uma coisa em que eu sou boa, isso é improvisar. - Você está sujo de caneta aqui. - menti, apontando para perto da minha boca, o fazendo automaticamente passar sua mão no lugar que eu indiquei, porém em seu rosto, tentando se limpar. Vejo suas bochechas se corarem levemente contra sua pele parda, o que o faz parecer até meio fofo. Solto um riso baixo sem querer. Ele me olha atônito. - O que te causa tanta graça? - ele perguntou se recompondo. - Você! - falei sem hesitar e sorri ainda mais. Rafael fica sem palavras, surpreso pela minha resposta inimaginável. E eu gosto disso. Ele continua me olhando fixamente nos olhos. “ O que será que ele está pensando?” Esse tipo de pensamento brota em minha cabeça, porém ele é um livro difícil de ler. Ao contrário dele, imagino que eu seja um livro aberto que ele consegue entender perfeitamente. Nunca fui do tipo misteriosa. - Posso te dar uma foto minha se você quiser! - digo a ele o fa
Ela me fuzila com o olhar. - Por um acaso você está falando de mim?! - seu tom fica mais alto e estridente. - Ué! Se a carapuça serviu…. Pedro ri alto, fazendo tanto eu quanto ela se virar em sua direção. - Agora entendo a preocupação da sua mãe, irmãzinha. - diz ele sem desviar o olhar da estrada. - Você parece ser horrível fazendo amizade. Reviro os olhos e me acalmo um pouco, mas logo respondo: - É que eu escolho bem minhas amizades. - Cruzei os braços e evitei olhar para ela. “É melhor ter qualidade do que quantidade, mas acho que essas pessoas populares não entendem muito isso.” Pensei. A garota bufou ao meu lado. - Não é como se eu fosse ser sua amiga mesmo. - ela passou a mão em seus ombros, deslizando suas mechas loiras para trás. - E eu nem quero. - respondi, espelhando seus movimentos. Me viro para a janela do carro e sinto um olhar sobre mim. É Rafael me olhando pelo retrovisor externo do carro. Nossos olhos se encontraram, mas logo ele desvio
Virou certo costume Pedro me levar juntos com seus amigos a escola. O que me fazia ficar irritada logo cedo e quem não ficaria ao ver uma garota com cara de emburrada para mim sempre que nós vemos e Pedro com as provocações dele sempre que está sozinho comigo. Aliás, descobri que ela se chama Anna. Um nome tão bonito, para uma pessoa tão bonita, mas tão megera como ela. Acho que não combina. Rafael trocava algumas palavras comigo durante a aula apenas, mas não quando estávamos com eles. A sala está tão silenciosa que o único ruído que se escuta é o ranger do giz de cera no quadro negro. Com pouco tempo aqui, percebi que o professor de história adora escrever e ele escreve e escreve e não para mais. A mão chega a doer. Em um momento impulsivo bato minha cabeça no livro em cima da minha mesa como forma de tentar me acordar. “Mas um minuto dessa tortura e eu durmo!” Pensei, ainda com a cabeça sobre os livros. Escuto uma risada baixa ao meu lado e me viro em sua direção. É