O castanho profundo me penetra como gelo. Não beliscões gostosos e gélidos de flocos de neve, mas como uma estalactite afiada e fria, cortando a pele e desencadeando arrepios pelos poros dilatados, antes aquecidos pelo aconchego do restaurante italiano.
Matteo acelera. Mais forte. Desviando dos carros na avenida. Presto atenção no espelho externo do meu lado: um Sedan preto com cara de ser blindado. Um não. Dois. Um de cada lado, aumentando suas velocidades na mesma proporção que a nossa. Sei o quão veloz essa SUV Cayenne pode ser, apesar de ter faltado oportunidade de provar, porém não quero descobrir, por isso puxo o cinto de segurança e o abotoou.
Isso já aconteceu antes. Uma única vez. Quando eu tinha quatorze anos e o brutamontes N. 6, fomos perseguidos em uma noite de quarta-feira comum no verão. A diferença é que papai estava no carro conosco e tínhamos os dois seguranças dele, além do motorista. E, pelo que me lembro do dia, o acontecimento em questão era esperado. Ele tinha a