64. HENRIQUE DECIDIU FICAR
Os dias que se seguiram àquela noite foram um turbilhão silencioso dentro de Isabela.
Por fora, ela parecia a mesma — cuidadosa, dedicada, serena com os filhos. Mas por dentro, algo se agitava de forma dolorosa e doce ao mesmo tempo.
Desde o pedido de casamento de Henrique, o coração dela vivia em conflito.
A lembrança da cena no jardim ainda lhe vinha à mente nos momentos mais inesperados: o brilho sincero nos olhos dele, o calor das mãos, a doçura da voz.
E, logo em seguida, a culpa, o medo, a sensação de que o amor não era um refúgio seguro, mas uma armadilha disfarçada.
Ela passou a evitá-lo.
Não atendia as mensagens de imediato, alegava estar ocupada com o trabalho ou com as crianças. Quando ele aparecia, era gentil, mas mantinha uma distância que doía até nela mesma.
— Preciso de um tempo pra colocar minha cabeça em ordem — dissera certa vez, com um sorriso frágil.
Henrique apenas assentiu, respeitoso como sempre. Mas, ao virar as costas, seu olhar denunciava a saudade que o con