30. DOR SILENCIOSA DE ISABELA
da verdade: aquele bebê não se perdera por acaso. A lembrança do jantar com Leonardo, o sabor estranho na comida, a água que lhe oferecera... tudo ecoava como uma sentença.
"Ele matou o meu filho." — repetia em seus pensamentos, com a mesma certeza de quem reconhece o próprio reflexo no espelho.
O medo de continuar naquela casa a consumia, mas havia algo novo crescendo dentro dela, algo mais forte que o pavor: a sede de revidar. Nem que custasse a própria vida.
Era uma sexta-feira à noite quando Leonardo chegou. O som da porta da suíte sendo aberta fez o coração de Isabela disparar. Ele entrou no quarto com passos pesados, exalando o cheiro inconfundível do uísque. Seus olhos estavam semicerrados pelo álcool, mas carregavam a mesma frieza que sempre a intimidava.
Isabela, já de camisola, se apressou em deitar-se, puxando o lençol até o queixo. Fingiu dormir, torcendo para que ele se contentasse com a embriaguez e a deixasse em paz.
Leonardo caminhou em silêncio até o banheiro. O som d