19. O RETORNO DE LEONARDO
O amanhecer chegou silencioso, com o canto tímido dos pássaros atravessando as frestas da janela. A luz suave da manhã se espalhou pelo quarto, iluminando os móveis e dissipando a penumbra da noite anterior.
Isabela abriu os olhos devagar. O coração ainda estava pesado, como se o pesadelo não tivesse terminado, mas apenas mudado de forma. Por um instante, permaneceu imóvel, observando o teto, tentando afastar da mente a imagem perturbadora de si mesma grávida, protegendo o ventre contra mãos invisíveis.
Levantou-se devagar, evitando fazer barulho, e caminhou até a penteadeira. O reflexo no espelho denunciava sua angústia: os olhos inchados, a palidez no rosto e a expressão cansada. Tocou os lábios com a ponta dos dedos, como se quisesse ter certeza de que ainda estava ali, de que era real.
— Foi só um sonho... só um sonho... — sussurrou para si, tentando se convencer.
Mas por dentro, a confusão permanecia. Como poderia sonhar algo tão intenso, tão vívido, se nunca tivera contato com L