O PESO DO SILÊNCIO E A FORÇA DO TOQUE
ALEXANDRO
À noite, o silêncio da casa é mais denso. Julian dorme tranquilo, embalado pelas histórias que Aria leu com tanto carinho.
Eu, por outro lado, caminho sem rumo pelos cômodos, tentando organizar o caos dentro de mim. Cada canto parece carregar um traço da ausência que impus, cada fotografia na estante é um lembrete do tempo que deixei escorrer pelos dedos.
Paro diante de uma imagem dela com Julian ainda bebê, os olhos cansados, mas sorrindo. Era o sorriso de quem sustentava o mundo sozinha.
E eu, eu estava longe demais, preso ao meu orgulho, tentando controlar feridas antigas com decisões estúpidas.
— Você está bem? A voz de Aria me surpreende, suave e firme ao mesmo tempo. Ela está de pé na escada, usando um moletom velho e o cabelo preso de forma displicente. E ainda assim, é a coisa mais linda que já vi.
— Não sei. Confesso, sem fugir do olhar dela.
— Acho que estou aprendendo a sentir de verdade, e isso dói.
Ela desce devagar, os p