O carro avançava em alta velocidade pelas ruas ainda úmidas da madrugada. As sirenes ecoavam atrás de nós, misturando-se ao som do motor e ao ritmo descompassado da minha respiração.
Rafael me segurava como se tivesse medo de que eu desaparecesse se afrouxasse o aperto. Sua camisa estava rasgada, o rosto manchado de sangue — o sangue dele e de outros.
— Você está bem? — ele perguntou, pela quarta vez.
— Estou. — minha voz era um sussurro. — Mas Lucas…
O nome ficou preso na garganta. Eu ainda via a cena dos socos, do corpo dele desmoronando sob os golpes de Ana e seus homens. Não sabia se ele havia sobrevivido.
Rafael desviou os olhos por um instante.
— Encontramos rastros de sangue no corredor. Eles o levaram quando recuaram.
Fechei os olhos, sentindo o chão desabar.
— Então ela ainda tem ele.
Ele não respondeu. O silêncio dele era pior do que qualquer palavra.
O bunker parecia mais frio do que nunca quando chegamos. A matriarca já estava lá, sentada como uma estátua de ferro, enquant