A casa era pequena, simples, mas acolhedora, com paredes de madeira escurecidas pelo tempo e pelos ventos frios que assobiavam pelas frestas. Cada tábua do chão rangia sob os passos trêmulos das meninas, como se a casa própria sussurrasse histórias antigas em sua linguagem de estalos e gemidos. O aroma de chá de ervas frescas misturado ao cheiro suave da lenha queimando se espalhava pelo ambiente como um abraço morno depois de uma tempestade — reconfortante e inesperado.
Na lareira, o fogo crepitava em tons alaranjados e dourados, lançando sombras dançantes pelas paredes do pequeno cômodo. Era como se aquelas chamas quisessem espantar os medos que haviam se alojado nos corações das duas meninas. Pela primeira vez em dias — talvez semanas — Elena e Ariana sentiram o calor. Não apenas o calor físico, mas o calor humano, o que acolhe, ampara e dá esperança.
— Tirem essas roupas molhadas — disse a senhora com voz baixa e doce, como quem fala com filhotes assustados. Ela estendeu roupas li