Vitória Matarazzo
Saí de casa cedo naquela manhã ainda com o coração em pedaços. A mágoa pesava no peito, mas o que mais doía era a sensação de ter sido uma completa idiota por não ter enxergado antes quem o Murilo realmente era. O meu noivo… o homem que dizia me amar, mas que quase levantou a mão pra mim. Só de lembrar, meu estômago embrulha. Tudo aquilo ainda me machucava profundamente.
Eu estava tão aérea, tão tomada pela raiva e pelo nó na garganta que mal percebi o que acontecia ao meu redor. Estava a caminho do trabalho, tentando manter a compostura, quando vi um grupo de turistas tentando atravessar a rua. Tirei o pé do acelerador, mas não a tempo suficiente. Tudo aconteceu tão rápido.
Tentei frear. Juro que tentei. Mas não deu.
E foi aí que acabei acertando um rapaz.
Ele não chegou a ser atropelado de verdade. O som da batida seca do corpo dele contra o capô foi o suficiente pra me gelar por dentro. Ele tentou desviar, mas acabou escorregando no meio-fio e, no impacto, bateu o