Priscila Barcella
Fiquei com a Nina na rede, só observando o Liam trabalhar. Minha sogra — que é uma fofa — estava com os outros no quintal. Gosto muito da Isabel, de verdade. Mas, por um instante, uma onda de pânico me invadiu ao ver a Nina deitada sobre mim, com o rostinho colado à minha barriga.
Ela sempre amou ouvir o som do meu coração, mas dessa vez parecia que escutava outro.
O meu maior medo nem era estar grávida.
Era: Como eu cuidaria de dois bebês?
A Nina ainda é tão pequena... E talvez por isso eu esteja tentando negar os sinais.
— Mam… mam… — ela murmurou, passando a mãozinha pela minha barriga como se estivesse acariciando alguém. Como se soubesse. Como se já estivesse se conectando com algo que eu ainda me recuso a aceitar.
Sorri para ela. Mas o sorriso não chegou aos olhos.
— Não fala isso, meu amor… a mamãe já tá cheia de amor, tá? — sussurrei, a voz trêmula, tentando convencer a mim mesma mais do que a ela.
Por dentro, uma bagunça silenciosa. Um turbilhão que me tirav