Capítulo 234

Liam Rodrigues

Eu não sei o que doeu mais: as palavras que ela disse ou aquelas que eu mesmo precisei engolir por vinte e oito anos. Aquela mulher à minha frente dizia ser minha mãe. Minha mãe.

E, por mais que tudo dentro de mim gritasse para rejeitar isso — para fugir daquela cena como fugi de tantos lugares antes —, eu não consegui sair dali. Algo me prendia. Talvez fosse o jeito como ela falava. Ou a dor nos olhos dela que se parecia tanto com a minha.

Eu passei minha vida aprendendo a não esperar nada de ninguém. Porque esperar... dói.

E naquela tarde, naquele maldito jardim com cheiro de carvão velho e flores podadas, eu voltei a ser aquele menino. O menino com a camisa rasgada, segurando uma flor arrancada do mato, com os olhos colados no portão do orfanato. Esperando.

Ela chorou. E não foi o tipo de choro que se faz pra comover. Foi um choro que vinha de dentro, das entranhas. Um choro que eu reconheci. Porque era o mesmo tipo de choro que eu fazia debaixo da coberta fina, com
Continue lendo este livro gratuitamente
Digitalize o código para baixar o App
capítulo anteriorpróximo capítulo
Explore e leia boas novelas gratuitamente
Acesso gratuito a um vasto número de boas novelas no aplicativo BueNovela. Baixe os livros que você gosta e leia em qualquer lugar e a qualquer hora.
Leia livros gratuitamente no aplicativo
Digitalize o código para ler no App