Vitória Matarazzo
Depois que minha mãe foi para a casa do meu irmão, resolvi voltar para o meu apartamento. Mas ele já não parecia meu lar. Tinha virado qualquer coisa... menos isso.
Murilo já estava em casa. Ouvi sua voz ao telefone antes mesmo de entrar na sala.
Estava sentado no sofá, rolando o celular como se o mundo estivesse em pausa.
E, pra mim, estava — mas por um motivo completamente diferente.
— Murilo! — chamei, com um sorriso estampado no rosto. — Ontem eu dormi na minha mãe, então nem te contei como foi... Eu encontrei o Liam. Meu irmão, Murilo... eu encontrei ele!
Ele levantou os olhos devagar, como se eu tivesse interrompido um pensamento irrelevante.
— Que bom, Vitória. — disse, e voltou os olhos pro celular.
Só isso.
Como assim “que bom”?
Meu coração ainda vibrava. Minha alma estava em festa. E ele? Ele sequer mexeu um músculo do rosto. Continuava ali, alheio, entediado, vazio.
Respirei fundo, tentando não gritar. Tentando não chorar. Tentando não jogar tudo na cara d