William Rodrigues (Liam)
Estavam em meio àquela tempestade na minha cabeça.
Abracei a Priscila com força, como se aquele abraço pudesse calar a voz que gritava sem parar dentro de mim:
"Você foi abandonado."
Ela não disse nada. Só segurou meu rosto entre as mãos e encostou a testa na minha, como quem tenta ancorar um corpo perdido no mar. Mas eu... eu era só um menino, outra vez. Um menino que cresceu esperando por alguém que nunca veio. Um menino que dormia agarrado a um exemplar de Romeu e Julieta como se aquilo fosse um bilhete de volta pra casa.
O livro que ainda estava ali, no quarto onde cresci, na mesma segunda gaveta da cômoda. Intocado. Quase sagrado. O único vestígio de alguém que, talvez, só talvez, tivesse me amado por um segundo antes de me deixar.
Mas nem isso agora parecia consolo.
Era só uma lembrança de tudo que eu nunca tive.
Ouvi a porta se abrindo.
Marta entrou primeiro. E, no segundo seguinte, já estava ajoelhada diante de mim. Me abraçou com aquele carin