Liam Rodrigues
Duas semanas depois
Hoje era para ser um dia feliz. Para a maioria das pessoas, aniversários são sinônimos de alegria, de comemoração, de lembranças bonitas e sorrisos compartilhados. Mas para mim, essa data sempre foi um lembrete silencioso da ausência.
Enquanto outros celebram com bolos, abraços e mensagens carinhosas, eu carrego um vazio difícil de explicar.
Nunca soube ao certo o dia em que nasci. Essa data que carrego como meu “aniversário” é, na verdade, o dia em que fui deixado no portão do orfanato — enrolado em um cobertor fino, com um bilhete que se desfez com o tempo e nenhuma pista de quem eu era antes disso.
É difícil explicar como é viver com esse tipo de dúvida corroendo por dentro. Todo ano, quando o calendário marca esse dia, sinto como se o mundo parasse por um segundo só para me lembrar que eu fui descartado. Que alguém olhou para mim e decidiu que eu não valia a pena ficar.
Então não, hoje não é um dia feliz para mim. É apenas mais um lembrete do qua