—Voltei de viagem hoje e fiquei ciente de sua ausência no trabalho nas ultimas semanas.— continuou o Sr. Johnson, seu olhar perfurante examinando cada expressão no rosto de Ryan.Ryan levantou os ombros, seu semblante endurecido pela determinação. —Você e todos na companhia sabem da minha condição.— respondeu ele, sua voz carregada de defesa.O Sr. Johnson estudou Ryan por um momento antes de oferecer uma solução. —Estou disposto a oferecer uma licença premium para que você possa se recuperar adequadamente.A oferta do Sr. Johnson ecoou na sala, mas Ryan sacudiu a cabeça com obstinação. —Eu não quero uma licença. Eu quero me aposentar—, declarou ele, sua voz firme e inabalável.Um brilho de desafio reluziu nos olhos do Sr. Johnson. —Você sabe que não pode escapar assim. Você sabe que há mais em jogo do que apenas sua vontade.Um arrepio percorreu a espinha de Ryan. Ele sabia que não poderia mais adiar o inevitável confronto.—Você sabia desde o início que isso aconteceria— murmuro
O sol estava começando a se pôr. E aquilo mais parecia o paraíso, após o mundo todo implodir.Juan e Ayla ainda estavam de mãos dadas, observando a distância um campo de trigo, com suas hastes douradas balançando suavemente na brisa do fim da tarde. O céu estava pintado com tons de rosa e laranja conforme o sol descia abaixo do horizonte, lançando longas sombras sobre a paisagem.Ayla encostou a cabeça no ombro de Juan, sentindo o calor de sua presença ao lado dela.—É tão bonito— sussurrou ela, sua voz mal audível acima do sussurro das folhas.Juan envolveu o braço em torno da cintura dela, puxando-a para perto.—Não tão bonito quanto você— ele respondeu, seu olhar fixo em seu rosto. —Eu poderia assistir a este pôr do sol mil vezes, e nunca se compararia à visão de você.Ayla corou, suas bochechas tingidas com a luz que desaparecia.—Ainda não sei lidar com sua gentileza— murmurou ela, virando-se para encontrar seu olhar.Eles ficaram em silêncio por um momento, simplesmente aproveit
—Você me traiu primeiro. — A voz firme do homem desconhecido que eu dividia a vida encheu o quarto. Fico imóvel, tentando compreender aquela situação. Meu noivo, na cama em que foi o cenário de tantas juras de amor, a dividia com outra. Com minha própria irmã. —Você enlouqueceu? — minha voz sai mais alta e mais trêmula do que imaginei, pois sinto os estilhaços do meu próprio coração cortando minha garganta. Quando foco o olhar em direção a minha irmã, eu vejo o sorriso enigmático em seu rosto e a compreensão de todo aquele cenário de terror recai sobre mim. —Não precisa mais fingir, Ayla, a Diana já me contou tudo. Um sorriso descrente sai entre os meus lábios, e eu só sabia que já estava cansada demais pra tudo aquilo. —Ainda bem que Diana é uma pessoa decente e que jamais mentiria ou enganaria alguém, então. Erlon não compreende a ironia em minha voz, o que só comprova o quão patético ele sempre fora. Naquele instante, enquanto via as sombras de crueldade nos rostos dos dois,
Eu havia utilizado todo o último final de semana para me afogar em minhas mágoas. E após dois longos dias chorando durante todo instante e ignorando qualquer ligação do mundo lá fora, eu finalmente consegui reagir. Havia acordado cedo naquela manhã para fazer checkout do hotel e finalmente buscar uma casa para alugar. Mas tem uma coisa que não te falam sobre cidade grande, cada pequena pedra no caminho custa uma fortuna. — O senhor está me dizendo que esse é o valor do aluguel mensal, mas só consigo alugar o espaço se eu pagar mais três meses antecipados? — repito a afirmação do síndico daquele prédio, só para ter certeza de que ele podia ouvir o quanto aquilo era absurdo. Ele apenas me encarou com uma expressão de tédio, e sem nem um pouco de compaixão pelos meus olhos visivelmente marejados. — Você pode aceitar ou ir embora. Temos uma grande demanda além de você. Eu engoli em seco no mesmo instante, sabendo que aquela era a minha melhor oportunidade ou iria passar aquela noite e
—Alô, você está aí?— a voz daquele homem volta a encher os meus ouvidos.Ainda petrificada naquela calçada, respondo:—Desculpe, sim. Estou. E aceito o emprego.— digo rapidamente, sem parar para respirar, porque sinto que tudo aquilo poderia ser apenas um sonho no meio do pesadelo em que minha vida se encontrava.—Ok. Venha amanhã, às...— ele começa, mas eu o interrompo logo em seguida.—Ou posso começar de modo imediato.— digo com empolgação, morrendo de esperança que ele concorde. —Quer dizer, pouparia muito do seu tempo me falando tudo que preciso saber hoje. Sei que é um homem ocupado.Mordi o lábio em seguida, rezando para que ele não notasse a urgência em minha voz. Porque a verdade era que eu estava desesperada, porque eu não teria um teto para passar aquela noite. A minha única salvação era aquele emprego, e só em ter a condição de viver naquela casa enorme servia de um alívio de imediato, porque um lugar para viver era tudo que eu não tinha. Aquela proposta caiu como uma lu
No dia seguinte, eu havia despertado cedo. Tinha dormido muito bem na última noite, mas a ansiedade que estava me consumindo se tornou maior assim que o sol deu as caras pelas persianas da minha janela.Saio do anexo e me dirijo até a casa. Ainda é muito cedo para que a garotinha esteja acordada, o sr. Barichello na última noite havia me enviado todos os horários da sua filha.Assim que entro na casa, a mansão está mergulhada em silêncio e eu me atrevo a bisbilhotar, procurando por porta-retratos de fotos de família. Procurando por ela. Pela mulher que o meu chefe estava aliviado que tenha morrido. Mas não existe nenhum resquício de sua existência ali.—O que está fazendo?— a voz masculina e firme me fez dá um sobressalto, as mãos no coração.Me viro, me afastando de uma mesinha no centro da sala e encaro os mais intensos pares de olhos negros em mim.—Eu só estava tentando me familiarizar com a casa.— Falo rapidamente e minha voz sai mais alta do que eu gostaria.Ele apenas me olha d
Os olhos dele estavam presos em mim, como se fosse capaz de queimar a minha alma só com o poder daquele olhar. De repente, o escritório se tornou mais abafado, enquanto uma luta interna se travava dentro de mim.—Ela falou que sentia sua falta.— Volto a falar, um pouco mais calma. —Não acho que seja fácil pra ela, ter perdido a mãe e ver o próprio pai, tudo que sobrou pra ela, se afastando.Aquele homem franze a testa, como se as palavras da minha boca fossem uma espécie de enigma mal compreendido.—O que te faz acreditar que você sabe de algo da nossa vida?— ele pergunta rudemente. —Você é apenas alguém que trabalha para mim. E pelo o que posso notar, está desejando que isso mude.Não deixo sua provocação me distrair. Me recuso que ele mude de assunto daquela forma, porque a curiosidade sobre tudo aquilo que aquele homem poderia esconder me consome a cada segundo.—Sei o suficiente para saber que se sente aliviado pela morte da sua esposa.— Deixo as palavras saírem livremente, sem me
Aquela informação paira no ar e eu ainda estou desnorteada demais para conseguir formar qualquer pensamento completo. —Noiva?— é tudo que consigo falar e aquela mulher apenas levanta uma sobrancelha sugestivamente, como se estivesse travando uma batalha individual em sua própria cabeça. —Algum problema com isso?— ela pergunta, um tom de superioridade em sua voz. —Problema algum.— Me recupero rapidamente. —Só fiquei meio surpresa com o fato de existir um noivado só apenas alguns dias desde que ele enterrou a sua mulher. As palavras saíram da minha boca antes mesmo que eu pudesse controlar, esse era um dos defeitos da minha longa lista. E aquela vez, minha língua havia voltado a me colocar em apuros. Bianca apenas me entrega um sorriso cínico e sei que está prestes a me responder da maneira mais humilhante que uma loira de classe alta poderia. No entanto, um barulho de passos surge logo na sala ao lado. Pressentindo que o sr. Barichello estava se aproximando, ela rapidamente traz d