A madrugada tinha aquele cheiro metálico de chuva prestes a cair. O ar estava pesado, úmido, e o céu parecia prestes a desabar em lágrimas. Ayla acordou primeiro, sentindo a barriga dura como pedra, o lençol grudado na pele pelo suor frio. No começo, achou que era mais um daqueles incômodos normais da gravidez, o corpo já acostumado a doer em lugares diferentes a cada dia. Mas logo veio a dor em ondas, crescendo e apertando por dentro, como se algo a sufocasse. O coração disparou, e quando se levantou, o calor molhado entre as pernas a fez olhar para baixo. Sangue.
— Juan... — a voz dela saiu rouca, quase um sussurro desesperado.
Ele se levantou de sobressalto, os olhos ainda pesados de sono, mas o instinto o fez agir rápido. Viu o lençol manchado e ficou branco, o rosto pálido como se a vida tivesse fugido dele.
— Meu Deus, Ayla... vamos pro hospital, agora.
Ele a ajudou a se vestir, as mãos trêmulas, tentando manter a calma que não existia. Pegou a bolsa da maternidade que ainda não