O som seco da tranca metálica ecoou pelos corredores frios da penitenciária de Wandsworth. A pesada porta se abriu com lentidão ritualística, como se o próprio sistema hesitasse em liberar aquele homem.
Henry Ashbourne atravessou o portão de ferro como se estivesse entrando em uma sala de conferência — não deixando uma cela. O rosto sério, os passos comedidos, o terno sob medida. Nenhum traço de fraqueza. Nenhuma hesitação.
Não era um homem vencido. Era um homem em pausa.
Lá fora, o cenário já estava montado. Repórteres se aglomeravam atrás do cordão de isolamento, câmeras ligadas, microfones erguidos como lanças. O céu nublado parecia compor o quadro: cinza, contido, ameaçador.
Quando o primeiro repórter rompeu o silêncio, a voz saiu ansiosa, quase trêmula.
— Sr. Ashbourne! Pretende disputar novamente a liderança da Ashbourne Enterprises?
— O senhor se considera inocente?
— Qual é o seu próximo passo?
Henry parou diante das câmeras. Seu olhar era o mesmo que dominava salas