Vera
Nem quis ficar lá pra ver a cara daquele nojento depois que joguei o exame na mesa. Já tinha imaginado esse momento um milhão de vezes… o dia em que finalmente ia gritar pra ele, com todas as letras, que meu menino não carregava aquele sangue podre.
Agora… só restava torcer pra que, quando a verdade chegasse até o Érico, ele conseguisse me perdoar. Porque ele… sempre foi tudo pra mim. O único homem da minha vida que realmente importava.
No caminho de volta pra casa, as lembranças vieram. Como sempre.
Lembrei do dia em que descobri a gravidez… aquele misto de felicidade e medo ao mesmo tempo. O Monteverde ficou eufórico. Fez questão de me levar pra jantar num restaurante caro… coisa que ele já nem fazia há muito tempo.
Lembro até hoje das palavras dele, com aquele sorriso de dono do mundo:
“Vai ser um homem… e vai ser como eu… vai assumir meus negócios.”
Eu… só rezava.
Pedia pra Deus… todos os dias… que aquele menino nunca tivesse o mesmo destino do pai.
Quando o Érico nasceu… foi